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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Comum

Você já pensou nas coisas da sua rotina que, de alguma forma, te marcam?

Lembro de 2009, recém mudado pra Curitiba. Eu tinha tanto medo de tudo e tentava me esconder tanto que nunca prestava atenção nas coisas. Certo sábado fui até a casa de um amigo, cheguei lá e descobri que ele passaria a tarde inteira fora. Lembro que havia alguma visita em casa e, pela primeira vez, eu não queria voltar. Decidi voltar caminhando, a distância era pouca e o caminho era basicamente uma reta, mas eu era tão perdido que de vez em quando ficava parado esperando um ônibus passar pra descobrir qual caminho tinha que seguir. Foi assim que pela primeira vez eu vi o começo da rua Padre Anchieta (pelo menos é o começo pra mim). As árvores formando uma cobertura no caminho que o biarticulado faz para chegar até a Praça da Ucrânia.

É bonito, mas não tem nada demais, porém foi a primeira vez que algo me chamou a atenção depois da mudança, também foi a primeira vez que senti vontade de tirar foto de alguma coisa em Curitiba (é claro que a foto ficou horrível e não tenho mais ela). Depois de um tempo conheci o Saint Patrick, que se tornou meu bar favorito, e passar pela Padre Anchieta caminhando acabou virando algo comum.

É engraçado pensar em como minha vida aconteceu naquela rua. A primeira vez, no dia do meu aniversário, quando saímos do bar em umas 10 pessoas pra tomar tequila na calçada do meu prédio. A última vez, com meu irmão e meu primo, comentando como aquele trajeto era importante pra mim. Aquelas árvores que formam a cobertura para o ônibus presenciaram tudo: as voltas acompanhadas, as voltas sozinhas, as voltas discutindo ideias ou falando sobre jogos, as voltas reclamando da vida, as voltas rindo à toa, as voltas chorando. Eu sempre me sentia confortável no começo daquela rua, sempre uma parte minha ficava lá.

Hoje as coisas mudaram tanto e talvez eu nunca mais faça aquele caminho andando, mas sei que as árvores estarão lá e que provavelmente a sensação sempre vai ser a mesma. O começo da Padre Anchieta é o cágado velho no topo da minha montanha.

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