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domingo, 12 de maio de 2013

Sobre estar só

No início desse ano decidi começar a ler Walden, do Henry David Thoreau. Um livro que conta dos anos em que ele se afastou da civilização pra morar numa cabana na beira do rio Walden, onde sobrevivia do que conseguia da natureza. Uma história aparentemente fascinante, mas o livro foi um dos piores que eu já li - e  um dos mais demorados pra conseguir terminar. Porém um capítulo em específico me chamou a atenção e fez ter valido a pena a leitura, ele se chama Solidão e nele Thoreau me explicou o que senti a vida inteira. Ele diz: "Em geral estamos mais solitários quando saímos e convivemos com os homens do que quando ficamos em nossos aposentos. (...) A solidão não se mede pelos quilômetros que se interpõem entre um homem e seus semelhantes."

Desde que consigo me lembrar da minha vida, me sinto sozinho. Acredito que isso me fez começar um isolamento na adolescência. Me sentia sozinho na escola, em casa, nas refeições em família, nas viagens, etc. Anos passaram, passei no vestibular e saí da casa dos pais. Em Curitiba eu fiz amigos de verdade, mas a sensação ainda permanece: continuei me sentindo sozinho em casa, nas aulas, nas refeições. Me sentia sozinho até nas festas, o que me levava a andar até um lugar mais retirado e ficar sentado no chão pensando (o que sempre era seguido por alguém aparecendo e me chamando de estranho). Vieram a troca de curso e o trabalho, e a solidão se acentuou. Thoreau mede "estar acompanhado" de acordo com a qualidade das relações. Lógico que tenho momentos e pessoas que agregam muito pra mim, mas eles são raros. Principalmente os momentos.

É muito comum ler ou ouvir pessoas falando sobre como cresceram interiormente em momentos que se sentiram sozinhas. Concordo com isso, acredito que a solidão me impediu de ser um adolescente mongolão típico aos 15 anos de idade. Mas e quando isso deixa de ser benéfico? Posso contar no mínimo uns 18 anos de solidão e, em algum momento desse tempo, o desânimo surgiu. Sem ter hora, lugar e nem motivo o desânimo aparece. Inclusive num caso recente eu estava num bar com alguns amigos e fiquei desanimado do nada, fui ao banheiro pra pensar no que fazer. Voltei pra mesa e avisei que estava indo embora, dizendo que estava com sono e deixando todos confusos. Eu cheguei a me irritar por estar desanimado, cada vez mais. Até que a irritação se tornou tristeza.

Hoje em dia me sinto triste por ter que acordar, triste por ter que dormir. Triste por ter que sair de casa, triste por ter que voltar pra casa. Triste por estar sóbrio, triste por ter bebido. Não me recordo a última festa que não voltei triste nos últimos tempos. Fico triste por sentir que minha vida está na mesma há anos, fico triste por não ter resultados quando corro atrás. Fico triste por ter amigos compartilhando da mesma tristeza e não poder fazer nada pra ajudar.

No último mês eu decidi buscar ajuda. Tenho dito para as pessoas - e tentando me fazer acreditar - que está sendo bom, mas de alguma forma isso me entristece também.

Inclusive estou triste por não saber como terminar esse texto.

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