O meu maior problema é a madrugada, algoz de todos os planos
para o dia seguinte. Ela sempre
proporciona pouco tempo para descansar e muito tempo para pensar.
Outra madrugada quente que ouço música no escuro de olhos
abertos e encontro o sentimento escondido nos extremos. Penso em como as despedidas têm se
tornado frequentes, mesmo sem terem sido anunciadas, e eu continuo aqui. Como as percepções mudam, como nossa capacidade
de substituição é incrível, como aos olhos alheios eu amargo.
Eu observo. Observo
como as árvores são verdes, como o céu é
azul e as nuvens brancas, mas na minha lembrança é tudo cinza. Observo a
rotina, a corrida desesperada por aprovação, a necessidade de uma boa imagem. Como ansiamos por mudanças sem mover um
dedo. Na minha lembrança somos todos cinza.
Me questiono se ainda há tempo. Os anos passaram tão
depressa e talvez eu realmente tenha amargado, insatisfeito com a terra firme,
porém sem nunca ter tentado me arriscado em alto mar. Eu sigo desejando turbilhões e
tempestades, que nunca saíram da minha cabeça.
A madrugada é meu maior problema. Ela parece ser eterna e no
fim me obriga a ser banhado pelo sol.
Talvez não haja mais tempo, mas está tudo certo, eu continuo aqui.
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